Welton submete o leitor a um exercício criativo interessante graças a sua "Polipoesia valente". Muitas construções sintáticas vêm recortadas como pastilhas de mosaicos coloridos, assim várias composições são prováveis e (por que não?), coexistem. O caráter semântico é prolífero, a partir das relações entre as palavras polígamas. Tempera de graduações a sensualidade, ora com impulso, ora com retranca.
Como se sua poesia submetesse tudo à uma intervenção cirúrgica experimental. De tinta é o bisturi em punho, faz incisões delicadas e bruscas no cotidiano, na linguagem, na história, no tempo, na carne, na existência e em si mesmo. Examina, apalpa, cheira, modifica, sente o gosto e também, transcende. Explora a flexibilidade lingüística, faz o cruzamento de registros, permite a expressão do seu nativo, do homem, do menino, sempre despojado (ou o equivalente no gerúndio) de vestes.
O poeta constrói uma lógica chocante, na qual remonta em mínimas transformações, a idéia de que a vida, a animação, é fabricada a partir de um princípio de morte. Sinta a busca de uma "sexodução" do intransferível humano.
Thalita Pacini
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